O assunto parto humanizado tem se popularizado cada vez mais, mas ainda é cercado de fantasias e, por isso, muitas pessoas falam que não querem um parto dessa maneira pois pensam que tem que ser um parto embaixo de uma cachoeira, sem anestesia e que você tem que tomar um smoothie de placenta.

Mas, quando falamos em humanização estamos falando de uma assistência respeitosa à mãe e ao bebê durante a gestação, o parto e o pós-parto, sem abrir mão da segurança e das condutas baseadas em evidências científicas. Nesse contexto, fazem parte do cenário do parto o silêncio, o acolhimento, o apoio emocional, o alívio da dor não medicamentoso e medicamentoso, a livre movimentação e alimentação durante o processo, além da presença do acompanhante.

Se há necessidade de interceder no processo, a equipe de assistência explica o que está havendo antes da ação e quando há mais de um caminho possível, a decisão é tomada em conjunto.

Neste post vamos dar 10 dicas para que você tenha um parto respeitoso.

1 – Frequente grupos de apoio à gestante
Um dos melhores locais para ter informação sobre parto é nas rodas de gestantes – existem opções presenciais e virtuais. Nessas rodas você tem a oportunidade de conhecer doulas, trocar figurinhas com outras gestantes e buscar muita informação sobre parto, pós-parto e cuidados com o bebê.

2 – Tenha uma doula para chamar de sua
Sempre falo para as gestantes que doula, assim como informação, deve fazer parte do enxoval de toda grávida. As doulas são profissionais que trazem informação, escuta e orientação durante a gravidez. Já no trabalho de parto elas vão dar todo o suporte físico e emocional para a gestante e seu acompanhante.

3 – Escolha da equipe
Esse é um dos principais pontos para que você consiga um parto humanizado. É preciso ter uma equipe multidisciplinar – com obstetra e parteiras – para que respeitem o seu tempo para parir e o dia que o seu bebê vai escolher nascer. Pode ser que esse nascimento aconteça em pleno feriado de fim de ano ou em uma madrugada qualquer. Então, é importante ter ao seu lado profissionais que realmente tenham essa disponibilidade e tenham suas práticas de atendimento alinhadas com as suas expectativas.

4 – Nunca é tarde para trocar de médico
Se o seu médico sempre diz que é “favorável ao parto normal”, mas no decorrer do pré-natal ele diz que não aceita doula em sala de parto ou que não espera a gestação até 40 semanas (no caso de gestações de baixo risco), talvez seja o caso de procurar uma segunda opinião. É importante que você confie na equipe que estará com você neste momento único e tão especial.

5 – Pesquise os hospitais
Converse com a sua equipe, visite as maternidades. Também busque informações sobre os protocolos seguidos pelo hospital, procure saber quais são os procedimentos obrigatórios para mãe e para o bebê durante o parto.

6 – Faça seu plano de parto
O plano de parto é um documento onde a gestante coloca todos os procedimentos que ela deseja ou não passar durante o trabalho de parto e também com o recém-nascido logo após o seu nascimento. A gestante imagina que vai querer ou não analgesia? Vai ou não querer se alimentar durante o trabalho de parto? Quem estará ao seu lado? Como ela quer que seja o atendimento caso tenha que ir para uma cesárea? No plano de parto são colocadas essas e outras informações importantes. O plano de parto é também uma ótima forma de ajudar a gestante a pensar sobre o parto que ela deseja ter.

7 – Acompanhante também deve se informar sobre parto
Muitas vezes vemos a gestante lendo livros, frequentando rodas, buscando uma gama de informações sobre parto, amamentação e cuidados com o bebê. Mas, essa função não é só dela. O (a) parceiro (a) desta gestante também deve se informar e entender sobre o assunto, principalmente, sobre a fisiologia do parto, as fases do trabalho de parto e como ele acontece. É importante que o acompanhante saiba os desejos desta gestante e que seja participativo desde a gravidez. Ele (ela) vão buscar maneiras de aliviar as dores das contrações e encorajar a parturiente durante todo o trabalho de parto.

8 – Não anuncie para a família e amigos a sua data provável de parto
Se você planeja ter um parto normal, ou seja, esperar o dia que o bebê vai escolher para nascer, não anuncie por aí a sua DPP (Data Provável do Parto). É bem provável que o parto aconteça após essa data e isso só vai gerar mais ansiedade de todos. “Já nasceu? Melhor fazer logo a cesárea para não passar da hora”. É comum a gestante ouvir esses comentários que não ajudam em nada, principalmente, quando você já está na reta final da gravidez tentando lidar com os seus próprios sentimentos.

9 – A via de parto do parto humanizado nem sempre é vaginal
Você pode ter idealizado parir na água e sem analgesia, mas o parto humanizado pode sim acabar em uma cesárea. A chamada cesárea intraparto será um recurso caso aconteça alguma intercorrência com a gestante e/ou o bebê. Mesmo que seja necessária a cirurgia, os benefícios de ter entrado em trabalho de parto são inúmeros tanto para você quanto para o bebê. Quando a cesárea intraparto acontece, muitas vezes o bebê nasce e pode ir para o colo da mãe, é amamentado dentro do centro cirúrgico respeitando a hora dourada da mãe e do bebê.

10 – O parto é seu!
Não é do médico, nem da doula nem de ninguém da sua equipe. Então, se você deseja um parto respeitoso, lute por ele. Estude, converse com quem já pariu com a sua equipe, busque as melhores opções. Se não tiver como arcar com uma equipe de parto humanizado, busque informação sobre casas de parto e hospitais. A escolha de uma casa de parto pode ser uma ótima opção para quem busca um parto respeitoso pelo SUS (Sistema Único de Saúde). Se for ganhar o bebê com assistência da equipe de plantão, visite as maternidades, peça para o plano de saúde a porcentagem de cesáreas e de parto normal nesta unidade de saúde e procure conversar com outras pessoas que tiveram bebê neste hospital.